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É PRECISO UMA ALDEIA INTEIRA PARA EDUCAR UMA CRIANÇA?

  • Por Raquel Ribeiro
  • 13 de abr. de 2017
  • 3 min de leitura

Um ditado africano diz que sim, é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. Na Casa Canguru também acreditamos nessa premissa. Por isso trabalhamos não no sentido de substituir ou complementar a tarefa materna, mas no sentido de compartilha-la. Acreditamos que juntos(as) somamos força e conhecimentos para que os pequenos se desenvolvam com autonomia, alegria e sensibilidade e que nesta colaboração, os cuidadores, sejam pais, mães, educadores etc, também podem se desenvolver integralmente como pessoas, pais, mães e profissionais.

PRECISAMOS DE ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM INOVADORES E COLABORATIVOS.

Lembro-me da minha infância, num pedacinho de bairro que estava começando a se urbanizar. Vila Anhanguera, região de Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Era praticamente periferia, na época. Havia poucos conjuntos residenciais. O comércio local era bem limitado.

No começo, eu ia para a escola bem cedo. Escola pública. Eu esperava a perua escolar sentada no colo de minha mãe. Ela conversava comigo sobre as coisas da vida...Voltava na hora do almoço. Ainda não existiam muitas crianças por ali. Mas com as poucas que havia, minha mãe providenciava brincadeiras divertidas, pinturas e os mais variados artifícios lúdicos que uma imaginação amorosa podia inventar.

O bairro foi crescendo, vieram mais crianças. As brincadeiras já eram em turmas. Ficávamos até tarde da noite na rua entretidos em “Mães-da-Rua”, “Esconde-Escondes” e “Barras-Manteiga". Como o bairro estava longe dos grandes centros da cidade e nessa época a violência urbana era menos frequente, as crianças podiam brincar livremente nas ruas dali, assim como nos terrenos baldios onde construíamos “clubinhos”, descíamos a rua em carrinho de rolimã, fazíamos expedições para os bairros vizinhos. Só nós, as crianças.

Eram tempos bons e de dificuldades também, como todos os tempos. Lembro-me sem saudosismo. Mas as famílias podiam estar mais juntas, os vizinhos realmente se conheciam.

As crianças aprendiam coisas na escola e na vida em comunidade. Hoje não é muito diferente, mas a vida em comunidade está organizada um pouco diferente. Nem melhor nem pior.

Hoje, a mãe se dedica a uma carreira profissional, ela mesma conquistou esse direito. As ruas foram invadidas por carros, prédios e insegurança. E a contação de histórias, as brincadeiras com a turma e as descobertas infantis mudaram de espaço. Ocupam agora as creches, os berçários, as praças e ruas, os centros culturais e onde mais profissionais do conhecimento acompanham as transformações do mundo moderno.

Se por um lado perdeu-se o aconchego do colo ou a intimidade de velhas amizades, por outro agregamos um mundo de novas possibilidades onde a informação chega tão rápida quanto as mudanças que provoca.

Se antes a família e a comunidade exerciam um papel fundamental de articular o conhecimento cognitivo-afetivo-social, agora ganham o reforço de espaços e profissionais que garantem às crianças e aos jovens o exercício da experimentação. Garantem também o exercício da vida coletiva que o modo de ser contemporâneo limitou-lhes, onde até os condomínios estão com suas áreas de lazer esvaziadas.

Nosso desafio atual está na tarefa de encontrarmos caminhos que reavivem o convívio social das crianças. Caminhamos, cada vez mais, para o desenvolvimento de redes de colaboração social que promovam uma educação mais integrada que no universo da primeiríssima infância, ou seja de 0 a 3 anos de idade, se traduz em não as circunscrevermos unicamente a espaços herméticos e isoladas do convívio social amplo.

É nesse contexto que nasce a Casa Canguru. Um espaço onde mães/pais podem se desenvolver como profissionais e ainda serem protagonistas na educação dos pequenos a partir de uma rede de apoio e colaboração que prima por uma educação sensível e voltada a colocar a arte no desenvolvimento psicomotor do bebê de 0 a 3 anos.


 
 
 

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